terça-feira, 14 de outubro de 2014

Processos obstrutivos nos grupos e instituições.

Para quem convive em grupo, seja social, institucional ou familiar, segue colaboração de Luiz Carlos Osorio acerca dos:

PROCESSOS OBSTRUTIVOS NOS GRUPOS.

Diz-se que o homem é um ser gregário, aludindo-se com isso à sua inata tendência a agrupar-se para assegurar sua identidade e sobrevivência como espécie. O homem é o único ser vivo que não se agrupa apenas para defender-se dos perigos naturais ou para multiplicar sua capacidade de prover sustento. O homem também se agrupa para instrumentalizar seu domínio e poder sobre seus iguais.
Sabemos que os seres humanos são capazes de inibir seu desenvolvimento psíquico e comprometer seriamente a realização de seus projetos de vida a partir de mecanismos autodestrutivos, que vão desde as inofensivas somatizações que afetam os indivíduos em geral até condutas francamente suicidas. Se referimos aqui nos processos obstrutivos lentos, insidiosos e crônicos que nem sempre são perceptíveis e que estão contínua e reiteradamente debilitando os organismos grupais e minando seus objetivos imanentes.
Narcisismo: através da lenda de Narciso, funda o conceito metapsicológico, a incapacidade de amar até a si próprio, visto que busca-se na imagem refletida, o estado de onipotência original, sem reconhecer o mundo e os outros, somente a sua imagem. Este fenômeno, em grupo, se evidencia por uma menor consideração pelos direitos alheios, alimentando, dessa forma, os processos obstrutivos pelo estancamento da cooperação grupal indispensável à consecução da tarefa que o grupo se propõe. Do mesmo modo, impede a admiração, porque esta implica o reconhecimento do valor alheio. Destarte as posturas narcísicas ensejam a eclosão de sentimentos invejosos.
A inveja lança suas raízes no solo que lhe é propício, o narcisismo medra, regada pela hostilidade e se espalha, qual erva daninha, no pasto da mediocridade. Sentimento paralisante, impeditivo do progresso de quem o alberga e que deixa a margem dos movimentos evolutivos de qualquer grupo do qual participe, aos quais irá sabotar, pois a emergência da criatividade grupal exacerba o mal-estar do indivíduo invejoso que, via de regra, pertence à parcela menos talentosa ou criativa dos grupos ou instituições.
Outros sentimentos ou emoções humanas comparecem e causam interferências na malha dos processos grupais, que é a arrogância e o servilismo interesseiro. Tais condutas desqualifica o mérito alheio e tem efeitos estagnantes sobre a evolução do processo grupal.

A hipocrisia é outro agente obstrutivo grupal. Hipocrisia é o reduto das atitudes que subvertem a mudança social por manter abaixo do nível crítico (hipo-crisis) a emergência dos aspectos conflitivos inerentes a qualquer agrupamento humano. Ao impedir-se, pela via cínica ou intermediação hipócrita, que venham à tona os sentimentos conflitantes, tamponam-se artificialmente as crises institucionais e abortam-se as iniciativas para promover as mudanças capazes de assegurar a continuidade dos processos grupais, e consequentemente, a manutenção da saúde institucional.