Para quem convive em grupo, seja social, institucional ou
familiar, segue colaboração de Luiz Carlos Osorio acerca dos:
PROCESSOS OBSTRUTIVOS NOS GRUPOS.
Diz-se que o homem é um ser gregário, aludindo-se com isso à
sua inata tendência a agrupar-se para assegurar sua identidade e sobrevivência
como espécie. O homem é o único ser vivo que não se agrupa apenas para
defender-se dos perigos naturais ou para multiplicar sua capacidade de prover
sustento. O homem também se agrupa para instrumentalizar seu domínio e poder
sobre seus iguais.
Sabemos que os seres humanos são capazes de inibir seu
desenvolvimento psíquico e comprometer seriamente a realização de seus projetos
de vida a partir de mecanismos autodestrutivos, que vão desde as inofensivas
somatizações que afetam os indivíduos em geral até condutas francamente
suicidas. Se referimos aqui nos processos obstrutivos lentos, insidiosos e
crônicos que nem sempre são perceptíveis e que estão contínua e reiteradamente
debilitando os organismos grupais e minando seus objetivos imanentes.
Narcisismo: através da lenda de Narciso, funda o conceito
metapsicológico, a incapacidade de amar até a si próprio, visto que busca-se na
imagem refletida, o estado de onipotência original, sem reconhecer o mundo e os
outros, somente a sua imagem. Este fenômeno, em grupo, se evidencia por uma
menor consideração pelos direitos alheios, alimentando, dessa forma, os
processos obstrutivos pelo estancamento da cooperação grupal indispensável à
consecução da tarefa que o grupo se propõe. Do mesmo modo, impede a admiração,
porque esta implica o reconhecimento do valor alheio. Destarte as posturas
narcísicas ensejam a eclosão de sentimentos invejosos.
A inveja lança suas raízes no solo que lhe é propício, o
narcisismo medra, regada pela hostilidade e se espalha, qual erva daninha, no
pasto da mediocridade. Sentimento paralisante, impeditivo do progresso de quem
o alberga e que deixa a margem dos movimentos evolutivos de qualquer grupo do
qual participe, aos quais irá sabotar, pois a emergência da criatividade grupal
exacerba o mal-estar do indivíduo invejoso que, via de regra, pertence à
parcela menos talentosa ou criativa dos grupos ou instituições.
Outros sentimentos ou emoções humanas comparecem e causam
interferências na malha dos processos grupais, que é a arrogância e o servilismo
interesseiro. Tais condutas desqualifica o mérito alheio e tem efeitos
estagnantes sobre a evolução do processo grupal.
A hipocrisia é outro agente obstrutivo grupal. Hipocrisia é
o reduto das atitudes que subvertem a mudança social por manter abaixo do nível
crítico (hipo-crisis) a emergência
dos aspectos conflitivos inerentes a qualquer agrupamento humano. Ao impedir-se,
pela via cínica ou intermediação hipócrita, que venham à tona os sentimentos
conflitantes, tamponam-se artificialmente as crises institucionais e abortam-se
as iniciativas para promover as mudanças capazes de assegurar a continuidade
dos processos grupais, e consequentemente, a manutenção da saúde institucional.
Portanto, ao que podemos aprender dos comentários de Osório, os processos psíquicos individuais atuam de forma determinante no holopensene do grupo.
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